quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O "direito" dos gays é uma injustiça com as crianças

Estão nos pedindo que façamos vista grossa a tudo que sabemos sobre a fragilidade das parcerias homossexuais, sobre as necessidades psicológicas das crianças e sobre as regras que ainda prevalecem em nossas escolas e comunidades, em função de uma fantasia ideológica.
As sociedades ocidentais passaram, em décadas recentes, por uma mudança radical em sua postura a respeito da homossexualidade. O que já foi considerado um vício intolerável agora é considerado uma "orientação", que não difere em espécie (embora diferente em direção) das inclinações que levam os homens a se unirem com as mulheres e as crianças a nascerem. Esta mudança radical começou com a descriminalização da conduta homossexual e com uma crescente prontidão não só em tolerar a homossexualidade em privado, mas a falar sobre ela em público. Nós vimos o surgimento do "homossexual público", o propagandista espalhafatoso daquele "outro" modo de vida e que, como Quentin Crisp , tentava nos persuadir de que "gay" [alegre] era a descrição certa. A partir daí seguiram-se o movimento por "orgulho gay" e as personalidades públicas que "saíam do armário" - ao ponto que não é mais tão interessante assim saber se alguém é de outra opinião.
A maioria das pessoas neste país adaptaram-se às mudanças. Elas podem não se sentir bem com suas expressões mais explícitas, mas estão preparadas para tolerar o modo de vida homossexual, desde que mantido dentro dos limites da decência e não viole as regras fundamentais. Entretanto, esta atitude não satisfaz aos ativistas. Pois tolerar é desaprovar. Só quando uma conduta ofende a alguém é que a pessoa precisa exercitar sua tolerância e os ativistas querem que as pessoas tratem a homossexualidade como normal. Por meio das idéias escorregadias de discriminação e direitos humanos, eles usaram a lei para promover sua agenda. A homossexualidade agora é tratada pela lei como uma tendência comparável em quase todos os aspectos à heterossexualidade, de modo que qualquer tentativa de diferenciar as pessoas por motivo de sua "orientação" - seja como candidatos a um emprego ou como beneficiários de direitos - é considerada uma "discriminação" injusta, comparável em sua abominação moral à discriminação por motivo de raça ou sexo.
De forma geral, viemos a aceitar que leis contra discriminação podem ser necessárias, a fim de proteger os que sofreram no passado com preconceitos hostis. No entanto, volta e meia nós nos damos conta do fato de que, embora a homossexualidade tenha sido normalizada, ela não é normal. Nossa aceitação do estilo de vida homossexual, de casais de mesmo sexo e do cenário gay não eliminaram nossa sensação de que estas são alternativas a alguma coisa e que é a outra coisa que é normal. Esta outra coisa não é o desejo heterossexual, concebido como uma "orientação". É a união heterossexual: a junção de um homem e uma mulher em um ato que leva, no curso natural das coisas, não só a um compromisso mútuo, mas ao nascimento de crianças, à criação de uma família e aos hábitos de auto-sacrifício dos quais, independente do que se pense e diga, o futuro da sociedade depende. A propaganda que tenta reescrever a heterossexualidade como uma "orientação" na verdade é uma tentativa de nos persuadir a fazermos vista grossa à real verdade sobre a união sexual, e que, em sua forma normal, ela é o modo pela qual uma geração dá lugar à próxima.
Esta verdade é reconhecida por todas as grandes religiões e é endossada pela perspectiva cristã a respeito do casamento como uma união criada por Deus. Isto explica em grande parte a relutância de todas as pessoas religiosas em endossarem o casamento gay, que elas vêem como uma tentativa de reescrever em termos meramente humanos o contrato eterno com a sociedade. Para colocar a coisa de outro modo, elas vêem o casamento gay como a profanação de um sacramento. Daí o conflito crescente entre a agenda gay e a religião tradicional, do qual a atual disputa a respeito de "direitos de adoção" é o último sinal. De acordo com a visão cristã - e ela é compartilhada, eu acredito, por muçulmanos e judeus - a adoção significa receber uma criança como membro da família, como alguém com o qual você está comprometido do modo que um pai e uma mãe estão comprometidos com seus próprios filhos. Este é um ato de sacrifício, realizado em proveito da criança e com vistas a dar àquela criança o bem-estar de um lar. Seu objetivo não é gratificar os pais, mas assumir a criança, tornado-a parte da família. Para pessoas religiosas, isto significa dar à criança um pai e uma mãe. Qualquer outra coisa seria uma injustiça com a criança e um abuso de sua inocência. Logo, não existe esta história de "direitos de adoção". Adoção é a suposição de um dever e os únicos direitos envolvidos são os direitos da criança.

Contra este argumento, o apelo a leis "anti-discriminação" é certamente irrelevante. O propósito da adoção não é gratificar os pais adotivos, mas ajudar à criança. E já que, segundo a visão religiosa, a única ajuda que pode ser oferecida é a disponibilização de uma família de verdade, excluir os casais gays não é um ato maior de discriminação do que excluir ligações incestuosas ou comunas de "swingers" promíscuos. Na verdade, o pressuposto de que a adoção é inteiramente uma questão de "direitos" a partir da perspectiva dos pais mostra a inversão moral que aflige a sociedade moderna. Ao invés de considerarem a família como o modo de atual geração se sacrificar pela próxima, estão nos pedindo que façamos vista grossa a tudo que sabemos sobre a fragilidade das parcerias homossexuais, sobre as necessidades psicológicas das crianças e sobre as regras que ainda prevalecem em nossas escolas e comunidades, em função de uma fantasia ideológica.
Opor-se à adoção homossexual não é acreditar que os homossexuais não devam ter nenhum contato com crianças. De Platão a Britten, os homossexuais se destacaram como professores (muitas vezes sublimando seus sentimentos eróticos, como fizeram estes dois grandes homens), cultivando as mentes e espíritos dos jovens. Mas foi Platão quem, nas Leis, apontou que os homossexuais, como os hererossexuais, devem aprender a via do sacrifício e que não são desejos atuais que devem guiá-los, mas os interesses de longo prazo da comunidade. E certamente não é implausível pensar que é mais provável que estes interesses de longo prazo sejam mais protegidos pela religião do que pelas ideologias políticas que regem o Partido Trabalhista.

The Daily Telegraph, 28 de janeiro de 2007

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

JORNALISTA LOUVA FUNAI POR RECUSAR A UM ÍNDIO O ACESSO À CIVILIZAÇÃO

JORNALISTA LOUVA FUNAI POR RECUSAR A UM ÍNDIO O ACESSO À CIVILIZAÇÃO


Comentei, em artigo recente, o crime contra a humanidade que está sendo cometido pelos antropólogos, com a cumplicidade da Funai, de deixar os índios isolados da civilização para contemplação dos turistas. Na edição de sábado passado, a Folha de São Paulo entrevistou um jornalista americano que tece loas à decisão da Funai de isolar, não uma tribo, mas um único ser humano. 

Em The Last of the Tribe, Monte Reel apóia aposta da Funai de deixar o indígena sem contato com brancos. Cidadão de um país onde os índios possuem cassinos para consumo dos brancos, Reel endossa a decisão dos indigenistas, de manter um homem isolado do tempo em que vive. Mais ainda: o episódio vai dar origem a um filme.

Segundo o jornal, o índio solitário foi visto pela primeira vez em Rondônia em 1996. Agentes da Funai fizeram várias incursões na mata para tentar se comunicar com ele, com a intenção de definir sua origem e facilitar o processo de demarcar a terra a que tem direito pela Constituição. Não tiveram sucesso. Arredio, o índio chegou a dar uma flechada quase fatal em um membro da equipe que tentou aproximação. 

Os brancos – leia-se os gigolôs de índios da Funai, mais conhecidos como antropólogos - acabaram decidindo respeitar sua solidão - não sem antes lutar contra ameaças de todos os lados para garantir a ele um pedaço da floresta. Como se o indígena, justamente por sua condição de isolado, não tivesse seu pedaço de floresta. Se não o tivesse, não viveria isolado, ora bolas.

Reel, que vive em Buenos Aires, a mais sofisticada metrópole da América Latina, considera que a decisão da Funai de parar de contatar o índio foi a coisa certa a fazer agora. “Eu tentei ser justo e mostrar o lado dos que defendiam o desenvolvimento, mostrar o argumento deles em suas próprias palavras. Mas quanto mais me envolvi com a história, mais convencido fiquei de que os membros da Funai estavam certos. Eu admiro essas pessoas e não peço desculpas por isso. Esse livro é de certa forma uma tentativa de chamar atenção para o trabalho que fazem”.

Traduzindo: o autor ianque, que se beneficia dos luxos da civilização, considera correto deixar um homem isolado do mundo contemporâneo, sem água corrente nem eletricidade, sem casa decente onde morar, sem vaso sanitário onde sentar, sem roupa com que abrigar-se, sem direito a um alfabeto, sem imprensa onde informar-se, sem assistência médica nem direitos sociais.

Em nome de quê? De algum ideal utópico rousseauneano, que considera que a civilização destrói o que há de puro no selvagem? “Eu não tinha nenhuma idéia sobre como as pessoas estão tentando viver na floresta – diz o ianque –. “Não sabia nada sobre a rotina de uma tribo isolada. E achei esse tipo de coisa muito fascinante. Passar tempo com essas pessoas que até relativamente pouco tempo atrás não tinham nenhum contato com o resto da sociedade brasileira - ir lá e ver como vivem - foi o mais interessante”.

Deve ser realmente fascinante, para quem não vive no meio do mato, gozando dos privilégios de uma metrópole, contemplar pessoas que vivem no meio do mato, sem acesso aos confortos do mundo contemporâneo. Mutatis mutandis, deve ser mais ou menos o que sente um europeu visitando uma favela: “que bom que nós superamos essa condição”.

Mais interessante ainda será ganhar gordos direitos autorais, explorando a miséria de um pobre bugre, ao qual os “humanistas” da Funai recusam o acesso à civilização.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A farsa do vitimismo afro-descendente

Não se trata aqui de um supremacista branco malhando os negros. Pelo contrário.
Estes marginais aí são, de certa forma, meus "manos", como eles mesmos dizem. 
Semana passada traduzimos um post intitulado O que fazer a respeito da violência inter-racial negra?, do blog View from the Right. Paul K. começa afirmando que achava que os donos de cinema deveriam ter o direito de proibirem a entrada de grupos de adolescentes negros, por "serem escandalosos e incomodarem os outros" e terem "propensão à violência." Em seguida, ele menciona três episódios recentes de violência extrema cometidas por negros contra brancos e asiáticos nos Estados Unidos (registrados em vídeo) e chama atenção para o fato de que a imprensa nunca comenta o fato de que a violência inter-racial no país é praticamente sempre de negros contra brancos e amarelos e não o contrário.
Que algo em torno de noventa por cento de todos os crimes violentos cometidos nos Estados Unidos são obra de negros e latinos é fato que até os demagogos esquerdistas do partido Democrata sabem. Mas, para fazer justiça a Paul K., gostaríamos de deixar registrados dois eventos recentes.
Um é o fato de um marine recém-chegado do Afeganistão ter sido espancado na noite de Natal, juntamente com sua esposa, por um grupo de marginais adolescentes negros em Brandentown, na Flórida, ao saírem de um cinema. Motivo: ele havia pedido a eles, que estavam fazendo arruaça durante o filme que assistiam, que se aquietassem.
Como comenta o blogueiro Van Helsing, de cuja página tiramos esta matéria, "A razão pela qual este não foi um incidente racial é porque as vítimas eram brancas e os agressores, evidentemente, negros."
A outra matéria é esta sobre um arrastão de dezenas de (adivinhe) marginais adolescentes negros a um shoppingem Milwaukee, no Winsconsin, no último domingo. A imprensa, em sua novilíngua esquerdista, se referiu ao bando como "jovens rebeldes" [unruly young people]. JOVENS REBELDES?
Vendo barbaridades como estas, dá para entender perfeitamente o que motivou as antigas leis de segregação racial nos estados do sul dos Estados Unidos. Os dados disponíveis sobre a criminalidade americana durante o século XIX e início do século XX já apontavam um envolvimento imensamente desproporcional da população negra em crimes violentos.
Eu mesmo que escrevo agora isto aqui não sou branco. Sou mestiço. Meu avô paterno era negro e meu pai é mulato. Não se trata aqui de um supremacista branco malhando os negros. Pelo contrário. Estes marginais aí são, de certa forma, meus "manos", como eles mesmos dizem. Daí meu nojo em relação à coisa toda. Nós negros e mestiços deveríamos dar graças a Deus todos os dias por podermos viver em nações ocidentais decentes ao invés de em alguma ditadura africana. Se estas pessoas aí de fato odeiam tanto os brancos, por que diabos preferem sofrer no meio deles, ao invés de voltarem para a África? Como disse o Michael Savage há uns meses atrás para um ouvinte negro, racista e revoltado com os brancos que governam o país, "Sob o governo de qual ditador africano você preferiria viver, então?"
Já passou da hora de nós "afro-descendentes" (o termo é demagógico e esquerdista, mas vai ele mesmo) pararmos com esta farsa de vitimismo e desejo de reparações. Os Estados Unidos e o Brasil não têm "dívida histórica" nenhuma conosco. Nós é que devemos e muito a estes países, que nos deram de presente verdadeiras civilizações já prontas, que jamais conseguiríamos construir se tivéssemos ficados no continente africano. Se nossos antepassados não tivessem sido trazidos como escravos para a América, estaríamos infinitamente pior hoje. E como é que demonstramos nossa gratidão a estas nações? Dê uma olhada nos dados disponíveis sobre criminalidade e nas pesquisas eleitorais de ambos os países e você vai ver.
Se há vítimas raciais hoje nos Estados Unidos e no Brasil são os brancos, não nós. Somos nós que estupramos, matamos e os roubamos, não o contrário.

Quem votou em massa no Lula e na Dilma, que estão comprometidos com a escravização socialista do país, só para ganhar esmolas do PT, foi a população negra e mestiça, pobre e analfabeta, que está se lixando para os rumos que a nação está tomando. Quem vota em massa nos democratas, que estão comprometidos com a depredação socialista dos Estados Unidos, é a população negra, numa proporção que não se vê em nenhum outro grupo étnico do país. Se depender dos negros americanos, o país vai virar um novo Zimbábue. Olhe aqui o que cinco administrações consecutivas de prefeitos democratas negros, eleitos com o voto maciço da população negra, fizeram com Detroit, que já foi uma das cidades mais ricas do país.
Chega dessa besteira de vitimismo, revanchismo e reparacionsimo negro. Nossa contribuição para nossos países foi mínima e o ônus que trazemos, imenso. Quem constrói os prédios bonitos somos nós negros e mestiços, sim, mas quem vai assaltar os moradores que vão morar lá e estuprar suas filhas também somos nós, além de votarmos em massa nos políticos esquerdistas que vão roubar o dinheiro deles por meio de impostos escorchantes. Impostos estes que, por sua vez, serão usados para pagar por projetos assistencialistas voltados para nossas "comunidades carentes" - o novo nome que inventaram para 'favelas' - e para construir escolas públicas que nós, negros e mestiços pobres, vamos depredar.
Vamos parar de fingir que não sabemos disto tudo.



João Carlos de Almeida é um dos editores do blog Dextra

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O QUE OS HISTORIADORES FALAM SOBRE A INQUISIÇÃO

Quando eu era um adolescente chato – e quem não foi, não é mesmo? – eu implicava com tudo. Religião era sempre vítima do meu pensamento sagaz e implacável. Religião aqui é o Cristianismo professado pela Igreja Católica. As estruturas de poder do Vaticano, a riqueza, o luxo do Papa, tudo era alvo de minha mente brilhante e altamente perspicaz.
A Inquisição era ponto obrigatório quando eu queria ferir de morte com o meu tirocínio todos aqueles que ainda insistiam cultivar aquela estranha fé adornada por ouro, basílicas e obscurantismo. Quando eu queria demonstrar contrariedade com alguma opinião, cravava certeiro: isso é medieval! É do tempo da Inquisição! E acreditava que estava iluminando o mundo e ajudando, com a força de meus argumentos inexpugnáveis, a demolir a Igreja.
Aí, o tempo passa, você cresce, começa a ler, a ter mais acesso a algumas informações e fica em estado de choque quando descobre que certas verdades tidas como absolutas eram na realidade meias-verdades, o que, como sabemos, é um caminho para uma meia-mentira. Quer dizer que o comunismo matou milhões de pessoas em tempos de paz? Que a eugenia era uma ideia de esquerda? Que o MST é uma tropa de assalto? Céus, depois de todas essas decepções só me faltava descobrir que o Tribunal da Inquisição não era uma ante-sala da carnificina ardentemente esperada por monges sádicos para queimar aos que não rezassem pela cartilha do Papa!
E não era mesmo.
Só faltava descobrir que a Inquisição foi praticamente imposta à Igreja por reis, imperadores e pelo povo que adorava linchar hereges.
E descobri.
Só me faltavam esfregar na cara a informação de que a Inquisição não foi uma ação da Igreja e sim uma reação.
Esfregaram.
Sei que é difícil acreditar. Mas é exatamente isso. A série que inauguro agora vai clarear um pouco este período nebuloso da História, habilmente manipulado por autores que esconderam fatos, que tentaram, dentro de seu anticlericalismo frenético, transformar a Igreja Católica num Kraken ávido por sangue.
Utilizarei para isso somente opiniões de historiadores, entre eles muitos agnósticos. Claro está que as opiniões também vão contextualizar a época para sabermos o que era comum na Idade Média e como pensavam os “homens de seu tempo”, apesar de não acreditar muito nisso – homens são homens a qualquer tempo e suas escolhas pro bem ou pro mal independem dos séculos.
Esta é primeira parte. Virão outras. É uma viagem a uma parte praticamente desconhecida – e amplamente distorcida – da História.

“A Inquisição na Espanha celebrou, entre 1540 e 1700, 44674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8% (804) e, destes, 1,7% (13) foram condenados em “contumácia”, ou seja, pessoas de paradeiro desconhecido ou mortos que em seu lugar se queimavam ou enforcavam bonecos.”
Agostino Borromeo, Universidade La Sapienza.

E quanto ao fato de que a Igreja provocou uma regressão cultural na Idade Média? Responde Will Durant, historiador agnóstico:
“A causa básica da regressão cultural não foi o Cristianismo, mas o barbarismo; não a religião, mas a guerra. O empobrecimento e ruína das cidades, mosteiros, bibliotecas, escolas, tornaram impossível a vida escolar e científica. Talvez a destruição pudesse ter sido pior se a Igreja não tivesse mantido algum ordem na civilização decadente.”

Mas podemos perguntar qual a contribuição da Igreja os anos que antecederam a Inquisição e durante o seu vigor:
“Eis um breve e incompleto elenco das invenções tecnológicas (obras, quase todas, de monges beneditinos) do homem medieval, que, como diz a lenda, vivia na ignorância e na penitência, apenas à espera do fim do mundo: o moinho de água, a serra hidráulica, a pólvora preta, o relógio mecânico, o arado, a relha, o timão, a roda, o jugo para o cavalo, o canal com recusas e portas, a canga múltipla para os bois, a máquina para enovelar a seda, o guindaste, a dobadoura, o tear, o cabrestante complexo, a bússola magnética, os óculos. Acrescentemos a imprensa, o ferro fundido, a técnica de refinação, a utilização do carvão fóssil, a química dos ácidos e das bases, etc. Esse impulso ao conhecimento cien­tífico e tecnológico continuou nos séculos seguintes: no início do século XVII a Europa contava 108 Universidades, enquanto no resto do mun­do não havia uma só... Isto põe um problema para o historiador. Por que é que o desenvolvimento ocorreu somente em área cristã, e não fora desta? Por que, hoje ainda, entre os dez países mais evoluídos e ricos do mundo, nove são de tradição cristã? Não há explicação senão a que já expus em livros dedicados à questão: há na mensagem cristã alguma coisa que leva os germens do desenvolvimento e do progresso. A antropologia da Bíblia exalta o homem e o põe no centro do universo. Além disto, pregando igualdade, ela cria uma sociedade livre, sem barreiras sacrais ou de castas; não há, pois, como se surpreender se, alimentado por tal mensagem, o homem europeu conquistou o mundo... Por que as suas naves lhe permitiam dominar os mares? Por que ele, e ele só, sentiu necessidade de expandir-se sobre a terra inteira, enquanto a África, a Ásia, a América pré-colombiana permaneciam imóveis nos seus confins? Sem esta nossa maravilhosa Europa, o mundo, como o conhecemos, não existiria. Mas não existiria nem mesmo esta Europa recoberta de glórias, sem as suas raízes cristãs e sem os seus monges."
Vittorio MessoriQuesto meraviglioso Cristianesimo in cui non riesco a credere (1987).

Acho que é desnecessário dizer que não se quer aqui – e não se fará – livrar a cara da Inquisição. Mas sempre é bom conhecer um pouco mais do que aconteceu. Enfrentar nossas opiniões formadas é uma batalha interessante. Dizia Cazuza: “o pensamento é a guerra civil do ser”. E que é melhor: essa guerra não precisa ter vencedor.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vannuchi: um homem que tem todos os pés no chão!


20/12/2010
 às 22:54

Vannuchi: um homem que tem todos os pés no chão!

 Que homem bondoso e generoso este Paulo Vannuchi! Ele acredita que a campanha da oposição cometeu um erro ao debater o aborto. O assunto é discutido no mundo inteiro, mas, por alguma razão, no Brasil, deveria ficar restrito à tertúlia das autoridades  — petistas naturalmente. A afirmação é farisaica de várias maneiras.
Em primeiro lugar, a oposição debate o que bem entender nos marcos do que lhe faculta a Constituição, e Vannuchi que vá cuidar da turma do seu partido. Em segundo lugar, ele está contando o oposto da verdade, também chamado de “mentira” por pessoas que gostam de chamar as coisas por seus respectivos nomes. O PT e o governo é que politizaram o aborto. E o fizeram em duas etapas.
Na primeira rodada, introduzindo no Programa Nacional-Socialista de Direitos Humanos o aborto como um “direito humano”. Nunca antes no mundo alguém tinha tido idéia tão espetacular e, se me permitem ficar num adjetivo de mesma raiz, “humanista”. Até Lula ficou um tanto chocado, não é mesmo? Quando a oposição atentou para o caso, o debate sobre o aborto estava nas ruas — sobretudo na rua eletrônica, a Internet.
E foi o próprio PT quem se encarregou de politizar de novo — aí eleitoralmente — o tema: temerosa de que suas reiteradas defesas da descriminação do aborto resultasse em prejuízo eleitoral, Dilma lançou a sua “Carta ao Povo de Deus”… Como a estratégia não surtiu efeito, veio então a denúncia de que a oposição estava manipulando a opinião pública. Estava? Eu, por exemplo, teria levado ao ar as entrevistas de Dilma. Cada um é responsável por aquilo que diz — especialmente quem quer ser presidente da República. Se o aborto é assim tão bom para o Brasil, deve haver quem saiba defendê-lo. Por que esse debate envergonhado?
Os números de Vannuchi sobre as internações são mentirosos. Não passam de coisa de cascateiro. Inexistem notificações que façam a distinção entre aborto espontâneo e provocado. Como 25% das fecundações resultam em aborto espontâneo — o que todo especialista sabe —, não dá para saber quais ocorrências resultam de ação voluntária da grávida. Repudio a sua fala covarde. Que tenha a coragem de defender a legalização do aborto sem recorrer a números vigaristas. Ou, então, ele prove que estou errado e exiba as  notificações.
Mas é no seu momento como pensador que ele brilha mais:
“Uma coisa é a palavra de Deus, e outra é a interpretação que os doutores fazem dessa palavra de Deus. Ou aprendemos a relativizar a noção de verdade ou teremos o que houve em relação ao Plano Nacional de Direitos Humanos”.
Estupendo! Se não podemos recorrer às palavras dos doutores — no caso, entendo, os doutores das igrejas —, então só nos resta Deus ele-mesmo, não é? Como o Altíssimo não anda dando sopa por aí, seria preciso falar com seu superior: Lula!
Bom esquerdista (e isso não quer dizer coisa boa), Vannuchi acredita que a verdade é “relativa”. Ô se é… Vejam bem: ele pertencia à ALN, de Carlos Mariguella. A ALN tinha um minimanual para práticas terroristas. Ali se ensinava a matar soldados por exemplo, pais de família. Nem os hospitais deveriam ser poupados. Como a verdade é relativa, Vannuchi certamente era um subordinado daquele manual pensando no bem da humanidade — o mesmo bem que o moveu a considerar a morte do feto um direito humano.
Vannuchi é um pensador que tem os pés bem fincados no chão. Todos eles!
Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Não aceitamos alegação de que "pedofilia é cultural"

Não aceitamos alegação de que "pedofilia é cultural", diz relator da CPI
Camila Campanerut 
Do UOL Notícias 
Em Brasília

O relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), afirmou nesta quinta-feira (16) que se recusa a aceitar a alegação de autoridades do Estado do Pará de que a “exploração sexual de menores de idade é uma questão cultural”. O relatório final da CPI foi aprovado nesta tarde, mostrando que o Pará tem casos de pedofilia em todos os seus municípios.
“Isso é algo que nós não aceitamos: exploração de criança e adolescentes não pode ser cultural e há conivência de autoridades, do Poder Judiciário. Um deputado, inclusive, foi condenado” disse o parlamentar após a entrega e aprovação de seu relatório da CPI, com mais de 1.600 páginas.
O ex-deputado estadual citado por Torres é o paraense Luís Afonso Sefer, preso no Estado do Rio de Janeiro, em maio do ano passado, sob acusação de atentado violento ao pudor e de estupro. Ele era acusado de ter praticado durante três anos consecutivos abusos contra uma jovem que trabalhava na casa dele. 
“Com mais ênfase ainda estamos solicitando ao Tribunal [de Justiça do Pará] que crie uma câmara, uma vara especial para que estes processos sejam julgados de forma prioritária, porque o que nós verificamos é que há, no mínimo, leniência do Poder Judiciário no julgamento destes casos e pode até implicar em conivência”, destacou o democrata. 
Ao longo dos 33 meses de trabalho da CPI, Torres destaca que entre os principais feitos da comissão, estão a criação e modificações na legislação e os acordos de cooperação com empresas de internet, como o Google, operadoras de cartões de crédito e empresas de telefonia, que fornecessem sistematicamente informações de suspeitos às polícias civil e federal e ao Ministério Público para as investigações sobre casos de pedofilia.
“Nós modificamos a lei, por exemplo, para permitir que, aquele que teve relação sexual com adolescente em situação de prostituição ou situação de risco ou qualquer outro ato sexual, que ele possa ser punido com a pena de até 10 anos e que antes não era punido”, exemplificou. 
Durante o período de trabalho da CPI, foram ouvidas 200 vítimas, feitas 18 diligências fora de Brasília, 10 prisões e onze projetos de lei foram apresentados, além de um que obteve sanção presidencial – a Lei 11.829 de 25 de novembro de 2008. 
A proposta rendeu o prêmio "Mundial de Telecomunicações e Sociedade da Informação 2009", concedido pela UIT (União Internacional de Telecomunicações) em maio de 2009, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reconhecimento às políticas federais de inclusão digital e de combate à pornografia infantil na internet.
"Conseguimos constatar este monstro e conseguimos ao longo dos quase três anos, chamar a sociedade para dentro disso juntamente com todas as forças pautamos uma sociedade que denuncia, que fala. Hoje tem pedófilo preso todo dia”, avaliou o presidente da CPI, o senador Magno Malta (PR-ES).
De acordo com o relatório da comissão, foram recebidas mais de 900 denúncias deste tipo de crime por meio do “Disque-Denúncia”, do “Disque-100”, pela internet e por informações recebidas pela polícia durante o tempo de funcionamento da CPI.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O inimigo do meu inimigo é meu amigo

O inimigo do meu inimigo é meu amigo

Por francisco razzo, 1 de dezembro de 2010 13:11
Por Walter Block
Fonte: Instituto Mises Brasil
A relação entre libertarianismo e religião é longa, antiga e tormentosa. É inegável que Ayn Rand teve uma duradoura, forte e profunda relação com o libertarianismo.  Embora ela nos rejeitasse e nos tratasse como “hippies da direita”, muitos de nós ainda somos fascinados com ela, inspirados por ela e em dívida para com ela por ter nos apresentado a defesa moral da livre iniciativa.  Eu certamente me incluo nessa categoria.
Uma das mais fortes influências que ela teve sobre o movimento libertário foi o seu ateísmo beligerante.  Para muitos seguidores da filosofia da liberdade, uma agressiva rejeição a Deus e a todas as coisas religiosas pode perfeitamente ser vista como um axioma básico dessa visão de mundo.  Confesso que essa também foi a minha posição nesse assunto durante muitos anos.
Essa era também a posição de um rico e potencial doador do Mises Institute, o qual teria contribuído fartamente caso o Instituto mudasse sua visão em relação a esse assunto e passasse a adotar uma postura agressivamente contrária a todas as religiões.
Felizmente, Lew Rockwell se recusou a desvirtuar a missão de seu Instituto em relação a esse quesito, e ficou sem a doação.  Embora seja ele próprio um católico devoto, Rockwell se manteve fiel aos seus princípios: o Mises Institute continuaria envolvido nos estudos da ciência econômica e da liberdade, e nada teria contra qualquer religião em absoluto.
O que fez com que eu mudasse minha postura?  Por que continuo hoje sendo tão ateu quanto sempre fui, porém, ao mesmo tempo, um amigo e defensor da religião?  Nada tem a ver com o fato de que, dos últimos 19 anos, passei 15 deles sendo empregado por instituições jesuítas católicas.  Fui professor doCollege of the Holy Cross de 1991 a 1997 e, desde 2001, sou professor da Universidade Loyola em Nova Orleans.
Para alguns — aqueles ainda encantados com a visão randiana acerca de religião e liberdade —, já é ruim o suficiente que um libertário tenha uma visão positiva sobre a religião.  Para a maioria, pode parecer uma total contradição lógica um ateu como eu ser um grande defensor e até mesmo um admirador da religião.  Permita-me explicar tudo.
Nesse assunto em especial, sou guiado pelo aforismo “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”.  Embora tal raciocínio nem sempre seja verdadeiro, nesse caso em específico creio que seja.
Assim, qual instituição é a maior inimiga da liberdade humana?  Só pode haver uma resposta: o estado em geral; e, em particular, a versão totalitária deste.  Talvez não haja melhor exemplo de tal governo do que a URSS e seus principais ditadores, Lênin e Stalin (embora a supremacia em termos de números absolutos de inocentes assassinados pertença à China de Mao).  Podemos em seguida perguntar: quais instituições esses dois respeitáveis russos escolheram para o opróbrio?  Em primeiro lugar, a religião.  Em segundo lugar, a família.  Não foi nenhuma coincidência os soviéticos terem aprovado leis que premiavam os filhos que delatassem os pais por atividades anticomunistas.  Certamente não há melhor maneira de destruir uma família do que por meio dessa política diabólica.  E como eles tratavam a religião?  Essa é uma pergunta meramente retórica: a religião foi transformada no inimigo público número um, e seus praticantes foram cruelmente caçados e exterminados.
Por que escolheram a religião e a família?  Porque ambas são as principais concorrentes do estado na busca pela lealdada e obediência das pessoas.  Os comunistas estavam totalmente corretos — se formos nos basear em suas próprias perspectivas diabólicas — em centrar sua artilharia sobre essas duas instituições.  Todas as pessoas que são inimigas de um estado intrusivo, portanto, fariam bem em abraçar a religião e a família como seus principais amigos, sejam essas pessoas ateias ou não, pais ou não.
A principal razão por que a religião é um contínuo e eterno incômodo para os líderes seculares advém do fato de que essa instituição define a autoridade moral independentemente do poder dessa gente.  Todas as outras organizações da sociedade (com a possível exceção da família) veem o estado como a fonte suprema das sanções éticas.  Não obstante o fato de que alguns líderes religiosos de fato já se ajoelharam perante oficiais de governo, existe uma hostilidade natural e básica entre essas duas fontes de autoridade.  O papa e outros líderes religiosos podem não ter nenhum regimento de soldados, mas eles têm algo que falta aos presidentes e primeiros-ministros, para grande desespero destes.
Eis aí minha posição.  Eu rejeito a religião, todas as religiões, pois, como ateu, não estou convencido da existência de Deus.  Aliás, vou mais fundo.  Sequer sou agnóstico: estou convencido da não-existência Dele.  Entretanto, como um animal político, eu entusiasticamente abraço essa instituição.  Trata-se de um baluarte contra o totalitarismo.  Aquele que deseja se opor às depredações do estado não poderá fazê-lo sem o apoio da religião.  A oposição à religião, mesmo se baseada em fundamentos intelectuais e não almejada como uma posição política, ainda assim equivale a um apoio prático ao estado.
Mas e quanto ao fato de que a maioria das religiões, senão todas, apóia a existência do estado?  Não importa.  Apesar do fato de que algumas religiões organizadas podem frequentemente ser vistas como defensoras do estatismo, o fato é que esses dois ditadores, Lênin e Stalin, já haviam entendido tudo: não obstante o fato de pessoas religiosas frequentemente apoiarem o governo, essas duas instituições, estatismo e religião, são, no fundo, inimigas.  “Concordo” com Lênin e Stalin nesse quesito.  Estritamente do ponto de vista deles, ambos estavam totalmente corretos ao suprimirem brutalmente as práticas religiosas.  Isso faz com que seja ainda mais importante que todos nós libertários, ateus ou não, apoiemos aqueles que adoram a Deus.  O inimigo do meu inimigo é meu amigo.
Bem sei que, nesse ponto, muitos ateus irão energicamente protestar apontando para o fato de que inúmeras pessoas inocentes foram assassinadas em nome da religião.  É verdade.  Infelizmente, é muito verdade.  Entretanto, seria válido colocarmos um pouco de perspectiva nessa conjuntura.  Quantas pessoas foram mortas por excessos religiosos, tais como a Inquisição?  Embora as estimativas variem amplamente, as melhores (ver aqui) dão conta de que o número de mortes ocorridas durante essa triste época, a qual durou vários séculos, está entre 3.000 e 10.000.  Alguns especialistas, aqui, garantem números ainda mais baixos, como 2.000.
É claro que estamos falando de seres humanos assassinados, e cada assassinato deve ser lamentado; porém, se considerarmos apenas as magnitudes relativas, podemos positivamente dizer que tais números são completamente insignificantes quando comparados à devastação infligida à raça humana pelos governos.  De acordo com as melhores estimativas (ver aquiaquiaquiaquiaqui e aqui), as vítimas do estatismo apenas no século XX se aproximam do ultrajante marco de 200 milhões.  Não, não houve erro tipográfico.  200 milhões de cadáveres produzidos diretamente pelo estado!  Querer comparar algumas milhares de mortes injustificáveis produzidas pela religião com várias centenas de milhões produzidas pelo estado é algo totalmente desarrazoado.  Sim, o assassinato de uma única pessoa é deplorável.  Porém, se quisermos comparar religião e governo, devemos ter em mente essas diferenças astronômicas.
Eis uma lista de pessoas devotamente religiosas que eu conheço pessoalmente e que fizeram grandes contribuições para a causa da liberdade:
William Anderson, Peter Boettke, Art Carden, Stephen W. Carson, Alejandro Chafuen, Paul Cwik, Gary Galles, Jeff Herbener, Jörg Guido HülsmannRabino Israel KirznerRobert MurphyGary NorthRon Paul, Shawn Rittenour, Lew Rockwell, Joann Rothbard, Hans Sennholz, Edward Stringham, Timothy Terrell, David Theroux, Jeff TuckerLaurence VanceTom Woods, Steven Yates.
E não podemos também deixar de mencionar a Escola de Salamanca, povoada e divulgada, principalmente, por padres como estes: Dominicanos: Francisco de Vitoria, 1485—1546; Domingo de Soto, 1494—1560; Juan de Medina, 1490—1546; Martin de Azpilcueta (Navarrus), 1493—1586; Diego de Covarrubias y Leiva, 1512—1577; Tomas de Mercado, 1530—1576.  Jesuítas: Luis Molina (Molineus), 1535—1600; Cardeal Juan de Lugo, 1583—1660; Leonard de Leys (Lessius), 1554—1623; Juan de Mariana, 1536—1624.
Essa escola de pensamento é genuinamente nossa predecessora moral e intelectual.  Para a contribuição da Escola de Salamanca para o movimento austro-libertário, ver aquiaquiaquiaqui eaqui.
Já é hora — aliás, já passou da hora — de o movimento austro-libertário rejeitar a virulenta oposição randiana à religião.  Sim, Ayn Rand fez grandes contribuições para os nossos esforços.  Não precisamos agir precipitadamente; não precisamos jogar fora o bebê junto com a água da banheira.  Mas é certo que o sentimento anti-religião pertence a essa última atitude, e não à primeira.
As opiniões acima expressadas são consistentes com o ponto de vista do meu eterno mentor, Murray Rothbard.  Esse brilhante erudito, que frequentemente era chamado de “Senhor Libertário”, justamente por representar a epítome do libertarianismo, era uma pessoa extremamente favorável à religião, sendo especialmente pró-catolicismo.  Ele atribuía os conceitos do individualismo e da liberdade (bem como quase tudo de positivo que havia na civilização ocidental) ao cristianismo, e argumentava com veemência que, enquanto os libertários fizessem do ódio à religião um princípio básico de organização, eles não chegariam a lugar algum, dado que a vasta maioria das pessoas em todas as épocas e lugares sempre foi religiosa.