terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vannuchi: um homem que tem todos os pés no chão!


20/12/2010
 às 22:54

Vannuchi: um homem que tem todos os pés no chão!

 Que homem bondoso e generoso este Paulo Vannuchi! Ele acredita que a campanha da oposição cometeu um erro ao debater o aborto. O assunto é discutido no mundo inteiro, mas, por alguma razão, no Brasil, deveria ficar restrito à tertúlia das autoridades  — petistas naturalmente. A afirmação é farisaica de várias maneiras.
Em primeiro lugar, a oposição debate o que bem entender nos marcos do que lhe faculta a Constituição, e Vannuchi que vá cuidar da turma do seu partido. Em segundo lugar, ele está contando o oposto da verdade, também chamado de “mentira” por pessoas que gostam de chamar as coisas por seus respectivos nomes. O PT e o governo é que politizaram o aborto. E o fizeram em duas etapas.
Na primeira rodada, introduzindo no Programa Nacional-Socialista de Direitos Humanos o aborto como um “direito humano”. Nunca antes no mundo alguém tinha tido idéia tão espetacular e, se me permitem ficar num adjetivo de mesma raiz, “humanista”. Até Lula ficou um tanto chocado, não é mesmo? Quando a oposição atentou para o caso, o debate sobre o aborto estava nas ruas — sobretudo na rua eletrônica, a Internet.
E foi o próprio PT quem se encarregou de politizar de novo — aí eleitoralmente — o tema: temerosa de que suas reiteradas defesas da descriminação do aborto resultasse em prejuízo eleitoral, Dilma lançou a sua “Carta ao Povo de Deus”… Como a estratégia não surtiu efeito, veio então a denúncia de que a oposição estava manipulando a opinião pública. Estava? Eu, por exemplo, teria levado ao ar as entrevistas de Dilma. Cada um é responsável por aquilo que diz — especialmente quem quer ser presidente da República. Se o aborto é assim tão bom para o Brasil, deve haver quem saiba defendê-lo. Por que esse debate envergonhado?
Os números de Vannuchi sobre as internações são mentirosos. Não passam de coisa de cascateiro. Inexistem notificações que façam a distinção entre aborto espontâneo e provocado. Como 25% das fecundações resultam em aborto espontâneo — o que todo especialista sabe —, não dá para saber quais ocorrências resultam de ação voluntária da grávida. Repudio a sua fala covarde. Que tenha a coragem de defender a legalização do aborto sem recorrer a números vigaristas. Ou, então, ele prove que estou errado e exiba as  notificações.
Mas é no seu momento como pensador que ele brilha mais:
“Uma coisa é a palavra de Deus, e outra é a interpretação que os doutores fazem dessa palavra de Deus. Ou aprendemos a relativizar a noção de verdade ou teremos o que houve em relação ao Plano Nacional de Direitos Humanos”.
Estupendo! Se não podemos recorrer às palavras dos doutores — no caso, entendo, os doutores das igrejas —, então só nos resta Deus ele-mesmo, não é? Como o Altíssimo não anda dando sopa por aí, seria preciso falar com seu superior: Lula!
Bom esquerdista (e isso não quer dizer coisa boa), Vannuchi acredita que a verdade é “relativa”. Ô se é… Vejam bem: ele pertencia à ALN, de Carlos Mariguella. A ALN tinha um minimanual para práticas terroristas. Ali se ensinava a matar soldados por exemplo, pais de família. Nem os hospitais deveriam ser poupados. Como a verdade é relativa, Vannuchi certamente era um subordinado daquele manual pensando no bem da humanidade — o mesmo bem que o moveu a considerar a morte do feto um direito humano.
Vannuchi é um pensador que tem os pés bem fincados no chão. Todos eles!
Por Reinaldo Azevedo

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